domingo, 18 de julho de 2010

A Madrugada

Num suspiro cálido e quente a madrugada espera
observa cansada, e de todo o lugar, o menino-da-madrugada
sentado ao chão gelado, da frieza do mármore desperta na alma
A lânguida imagem de um poeta em suspensa calma

Ele ergue a mão, uma garrafa. Na outra uns papéis pasteis
A meia cor se vê neles a tinta e as folhas amareladas
Os tons negros, as sombras, consomem seu único habitat
O longo, enebriante e depressivo inverno manauara

Mais um suspiro, e o amanhecer vêm chegando saluto
Pesando aos pecadores que da reza matutina acordaram num sobressalto
E que Deus não abençoara os vagabundos e prolixos que vivem na madrugada

Entretanto nos primeiros raios os olhos meio caídos lembram-se de tudo
O vinho desce pela garganta cortando o sabor amargo da boca e vê sorrindo
mais uma carta sincera, mais outra a qual o poeta dará de alma a madrugada.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Valer a Pena

Diriam-me agora tolo, talvez até ingênuo de minha parte por fazer o que faço. Procuram em meus atos uma ponta de sarcasmo, uma diversão escondida e irônica que eu não tenho. Não sei se já disse isso aqui, mas eu tenho horror a graça. A diversão por diversão nunca me atraiu, e provavelmente não vai num futuro...

Eu levo as coisas na seriedade do medo das pessoas, acho que assusto, impacto, sou bruto sem querer. Não das brutalidades físicas, porque estas eu dominei quando menino. Falo que sou muito coeso no que quero. Sou como dizem, oito ou oitenta. Não me atenho as tolas pelos seus corpos, nem me faço de "por pouco" para passar discrédulo. Entrentanto se vejo a verdade em minha frente me atenho a agarra-la...

Talvez nessa louca investida. Diria até que ansiosíssima alegria de um futuro que eu já pensei e repensei de prévia me deixo estar pelas coisas que as pessoas ainda não sentem. Ou talvez sentem...

Hoje descobri que as pessoas não gostam do que querem, procuram pelos meios errados se ater a vontade pouco inteiriça de sentir. Elas querem algo não sofrido, sem esforço, querem algo que elas dizem em suspiros, perfeitos. Mas a perfeição está na falta de esforço, como se fosse entregue por Deus? Um amigo meu mesmo disse que Deus não ajuda a quem não quer. Não adianta pedir uma casa se esperar que isto cai do céu.

E é exatamente o que fazem, não se entregam com medo de que o esforço não possa valer a pena. Mas eu digo como poeta sofredor que nunca fez outra a não ser isto que sempre, sempre vale a pena.

Sempre vale a pena...

sábado, 10 de julho de 2010

Dia de Chuva

A chuva dedilhou um vazio espaço no peito
Sinto agora que molharam com um leve beijo
Eu fechando os olhos me ateei a sentir o que restou
o ultimo toque de vênus na minha esperança

Com a vontade gritando em meu peito me vejo
Estou novamente perdido por dentro
e de uma nova elucidação alegre, ansiosa...
consegui ao menos pensar nos amores tenros.

O céu acizentado, as gotas caindo pouco-a-pouco
a vida lá fora parece me dar a esperança
porque a mim a tempestade é a bonança

Eu sinto-me forte a bagunça do tufão
faço das minhas verdades o barulho da chuva
Pensei em ti, ouvindo hoje o trovão comigo.