sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Resgatando meu nome II

Nasci um garoto ajeitado de cabelos loiros encaracolados, nasci um Guerreiro. Dava pra ver naqueles dois primos a ordem, a respeitabilidade, o futuro perfeito que teriam num ótimo emprego e com familias conservadoras que teriam de cuidar. E tudo aconteceria como planejado se com o passar dos anos nascesse no pequeno menino um ardor, um calor vindo das suas origens indigenas, nordestinas...

Sua aparência era de um Guerreiro. Um sulista e suas tradições com os olhos do velho continente, lá pra Portugal, mas sua alma não era daquela terra. Ele sentia dentro dele a correria entre a mata na chuva, o som do pífaro e da zabumba. Ele gostava da rima, da musicalidade, do sotaque nordestino. Gostava da chuva, dos pés no chão gelado, do barulho do banzeiro do rio...

E quando menino sua vó dizia que ele deveria namorar qualquer menina, mas só não podia as pretinhas. Ele já se perguntava, porque? E crescendo olhava pra elas e se perguntava porque não poderia? Porque não podia se era exatamente aquela cor que o encantava...

Me encanta porque eu sou sim, negro e indio. Sou nordestino, sou sulista, sou paulistano, carioquinha... Sou tudo, todas as terras, todas as pessoas, todos os sorrisos. E esse amor, esse amor que eu tenho por mim mesmo e por todos, essa vontade de gritar que as vezes engata na garganta é que vai ser rasgado no meu futuro.

Minha paixão, cultura.
Pessoas, vida.
Alegria, choro divido.
Minha pessoa, todas.

Não posso te salvar de nada, mas posso dividir tudo o que vivo com você. Quer?
Boa noite, Isaac de Paula Guerreiro.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Humildade

Foi erguido na praça central meu busto
de cinza e cobre pra lembrar do grande homem
e no dia de abertura fui chamado pras honras
neguei aos pedidos, mas fui intimado

E eles me receberam sorridentes
e eu erguendo vi no meio da praça
era um homem, mas não era o meu rosto
a barba caida, o rosto sério e contraído.

Eu fiquei perguntando quem era,
e elas riam-se me chamando de gozador
e totalmente confuso era empurrado pra escultura

olhei aquele ser nos seus olhos negros
e logo abaixo estava escrito numa placa brilhante:
eis o homem que salvou cidade do pecado.

("Preferia mil vez meu estado deturbado que esta mascará de polidez que me esconde."Pecado nº2 - A Humildade)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Verdade

O demônio me assoprou no ouvido
aquelas idéias estranhas e reclusas
de um sagacidade e de umas verdades
que não poderiam ser assim tão más

Nada é tão mal, nem tão bem
que não possa ser um pouco libertivo
e de todos os calices provo
do mais amargo ao mais doce copo

São sabores, experiências e vertigens
são vidas vividas e distinções de mentiras
são pecados e milagres que surgem

Vou provar de ti e à ti
Será provada e testada calmamente
até que só sobre uma gota de verdade.

"O medo governa a todos os homens, mas a mentira os move." Pecado nº1 - A Verdade

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O outro lado da alma

Como eu te quero, do fundo da alma...

Mas tu esqueceste tudo tão rapidamente quando surgira assim, alegre, espontânea, apaixonada. E me deixou ali, num canto que eu sorrindo esperava pelo final. E ele chegou, e por mais que eu já soubesse doeu. O fato de saber que não vai dar certo significa que não deveria ter ao menos a esperança?

E ainda tenho? Tenho.

Por azar meu fui levado, e não me peça desculpas. É pior, bem pior... Me deixe em paz, o tempo cura e o tempo fere. Será que eu caso? Não sei, não sei ao certo.Mas se fosse casar seria contigo, e prometo que faria um ateliê para nossos quadros escatologicamente terríveis, um almoço meu no domingo ou nos feriados, e possivelmente duas mudanças de decoração por ano.


Seria tudo muito bom, bom demais pra ser verdade.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Afinal são apenas pessoas.

A gente as vezes ouve músicas por aí e acaba se perguntando se é bom levar-se pela emoção e realmente acreditar naquilo. E o coração apertado quer muito acreditar, mesmo que as idéias o contrário. E embora digam que o coração é a verdade absoluta eu me pergunto se isto também vale a pena acreditar...

Afinal são apenas pessoas.

E pessoas erram,

e os erros machucam.

Eu acreditava e gostava de me machucar, acreditava no aprendizado. Mas ficou no verbo no passado, distante-distante. Ontem li minha historia, esse passado que eu escrevi no computador pra deixar guardado. Sinceramente, escrevo muito bem e me emocionei com minhas proprias memórias escritas. Ri diante dos meus joguetes, das historias que catei no caminho e me lembrei de todos eles.

Todos os meus amigos estavam lá, na minha mémoria. Perdidos na realidade pelo tempo que passou ligeiro, e estou sentindo agora as mazelas deste tempo. E tudo passa pesado, como se faltasse algo.

Faltam-me os sonhos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mim

Tô querendo sumir por uns tempos. Viajar pra bem longe onde não conheça ninguém e resolver me criar por ali. Levar talvez meu violão de lembrança e seguir caminho reto até canto algum. E esperar que ninguém me ache, nem me procure.

Tava pensando em perder meus amigos e nunca mais encontrar outra alguém que valorize, apenas pelo simples poder de não me ferir. E eu sei que isso é errado, e sei que não farei também. Porque infelizmente isso vai acontecer pelo simples poder de ser eu mesmo. Me pergunto agora porque afinal me pergunto o que eu sou, se tudo o que eu faço vem obviamente de mim.

Sempre fui eu mesmo, e ultimamente tenho me sentido tão adolescente clichêzinho com suas indagações, mas faz parte... de mim, do mundo.

Eu sempre digo a mim mesmo que não preciso de ninguém, posso me suster até encontrar alguém realmente possivel e completo. Mas também acho que isso é um erro, e dos grandes. Não posso me auto-afirmar me submetendo, me ignorando, mentindo? E eu minto constantemente, e até acho graça das reações dos outros mediante aos fatos não verdadeiros que digo. E finjo, não digo nada. Apenas interpreto, e me interpreto para parecer a verdade e a condição.

Mas que sono, que madrugada, que cabelo horroroso...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Oh! Bosta!

É tudo culpa de alguém
mas não é minha, amor de minha vida
Meu sarcasmo me mata de alegria

Que vá para o inferno tudo
tudo de mais importante
toda a esfera social

Eu quero sangue
e se não se importa
tudo bem, tudo bem...

Seguimos como podemos
beirando a razão
e contando guarrafas.

Só mais uns goles e já é minha vez
vou subir na escada como der
se cair não me segure

Eu quero rir da minha cara
e com todo escárnio de raiva
quebrar tua cara.

Seria tolice minha, mas...
Amém.